Propunhamos um evento inovador, um carnaval que juntasse duas gerações, lado a lado e de mãos dadas, desfilando pela Charneca de Caparica. E assim foi, carnaval intergeracional, a criançada da Escola Marco Cabaço vestiu-se a rigor para o acontecimento. O tema 'floresta encantada' trouxe a diversidade num reino animal; asas vistosas, penas coloridas, antenas que se agitavam a cada movimento.
Um pequeno grupo de meninos acenava com um machado, tinha a cara coberta de negro e camisolas aos quadrados, lenhadores, a força de trabalho nesta floresta encantada onde não havia apenas espaço para fadas e princesas. A pequena Leonor sorri, tira os cabelos da frente do rosto para nos ver bem, nunca descola um lindo sorriso que adorna o rosto gorducho. Perguntamos-lhe se acredita em fadas, a pequenita de apenas 8 anos não vai na cantiga, com a varinha em riste afirma 'eu só acredito no que vejo, como nunca vi nenhuma'.
Caleidoscópio de cor ou purpurinas em contra luz num passeio que se fez de uma só penada e sem paragens. Os alunos da UNICA encaminharam os meninos desde a escola até à Junta. Professoras e auxiliares, atentas à criançada entusiasmada, que a 24 de Fevereiro celebrava acima de tudo um dia diferente onde podiam ser quem quisessem.
Os séniores manifestam-se encantados pela renovação de energia e sorrisos, cerca de 300 meninos e meninas preenchem o cortejo carnavalesco. O carnaval não é a celebração que 'os nossos meninos mais crescidos' apreciam, comentam o facto uns com os outros, mas a verdade é que ali estão e mascarados. É o caso da Lucília, não quis ser desmancha prazeres 'eu não sou muito apreciadora, então mascarar ainda pior, por isso é que venho com este disfarce ligeiro'. Verdade, seguiu o cortejo com a sua máscara e um chapéu, que lhe estava a dar literalmente cabo da cabeça, ou não estivesse constantemente a cair. A família UNICA e a intergeracionalidade revelaram-se motivos mais do que suficientes para esquecerem possíveis más lembranças de outros carnavais. Por exemplo, a Cristina, mascara-se pela primeira vez na vida e de palhaço, cores vibrantes e um enorme sorriso. A Cristina lembra o carnaval em Angola, festa que terminaria sempre com uma 'batalha' de que não tem saudades, usavam saquinhos de fuba e água. O José tem umas serpentinas em torno do pescoço, um chapéu de palha adornado com uma ramagem, diz que não queria fugir ao tema 'floresta encantada', terá por isso aproveitado alguma verdura da sua horta encantada, algures em Vale Milhaços. Já o amigo Ubaldo, conhecido pelo trabalho social na Colmeia Vigilante, pediu emprestados alguns acessórios à neta e no final das contas a sua fantasia tinha pouco ou nada a ver com o tema, valia a intenção e a sua presença bem disposta. A Guiomar não celebra o carnaval , à luz da sua religião é uma festa pagã, mesmo assim esteve no corso usando as suas roupas do dia a dia e espalhando aquele sorriso que lhe reconhecemos.
Nas instalações da junta muitos meninos faziam a festa mas o espaço parecia esticar para acolher tanta gente. Uma ginástica só possível com a boa vontade de todos. É festa, é festa, e assim se festejou; sorrisos, suor e uma lancharada cedida nossos parceiros que desde a primeira hora acolheram tão generosamente este eventos. Nunca é demais agradecer: Grupo Xandite, Semog, Pastelaria Páscoa, Emílio Preto Rego, Expodoce, Confeções Casa Mélita, Cabeleireiro Rosalina Vieira, Aquário Vasco da Gama. E obviamente à Junta das Freguesias da Charneca de Caparica e Sobreda pelo cuidado em nos receber, estimulando-nos a fazer cada vez mais e melhor. A UNICA é uma família feliz. Obrigada.
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